segunda-feira, 20 de julho de 2009

"Pais maus"...


Este texto retirei do blog da Eliane, We in the ice land, que sou assídua leitora e achei maravilhoso, concordo totalmente e quero dividir com vocês, deliciem-se...

Quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes: Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
*Eu os amei* o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
*Eu os amei* o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado e dizer ao dono: Nós pegamos isto ontem e queremos pagar.
*Eu os amei* o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
*Eu os amei* o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração. Mais do que tudo: Eu os amei o suficiente para dizer-lhes,não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso, e alguns momentos até me odiaram. Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
*Estamos contentes*, vencemos! Porque no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães; quando eles lhes perguntarem se seus pais eram maus, meus filhos vão lhes dizer: Sim, nossos pais eram maus. Eram os pais mais malvados do mundo.
*As outras crianças* comiam doces no café e nós tínhamos que comer pão, frutas e vitaminas. As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne e legumes. E eles nos obrigavam a jantar à mesa, bem diferente dos outros pais que deixavam seus filhos comerem vendo televisão.
*Eles insistiam em saber* onde estávamos à toda hora. Era quase uma prisão. Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Papai insistia para que lhe disséssemos com quem iríamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.
*Nós tínhamos vergonha de admitir*, mas eles violavam as leis do trabalho infantil. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de trabalho que achávamos cruel. Eu acho que eles nem dormiam à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer. Eles insistiam sempre conosco para que disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, eles conseguiam até ler os nossos pensamentos.
*A nossa vida era mesmo chata*. Enquanto todos podiam voltar tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde.
O papai, aquele chato, levantava para saber se a festa foi boa só para ver como estávamos ao voltar.
*Por causa de nossos pais*, nós perdemos imensas experiências na adolescência: Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Foi tudo por causa deles.
**Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo de tudo para sermos *PAIS MAUS*, como os nossos foram.

*Dr. Carlos Hecktheuer Médico Psiquiatra Passo Fundo - RS

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