Hoje eu estava fazendo uma comparação de quando fui alfabetizada e de como é aprender um idioma novo. Eis que então me surge essa lembrança das sensações de se aprender algo desconhecido e que nos proporciona uma autonomia inenarrável.
Claro não lembro detalhadamente de como foi minha alfabetização, qual método, quais as dificuldades encontradas, mas lembro claramente de juntar as primeiras vogais e consoantes e formar as silabas e consequentemente as palavras.
Lembro perfeitamente, de quando li minhas primeiras palavrinhas, "uva, vivi, viúva, ovo, etc."
Lembro de ler minhas primeiras frases: "Vivi viu a uva. O ovo é da viúva. Vovô viu a Vivi."
Frases pequenas,de uma infantilidade a toda prova, mas que me dava uma sensação de estar conquistando um mundo novo, o mundo dos livros, o mundo da imaginação, que eu apaixonada.
Lembro de ler algumas palavras, trocando as silabas e lendo de trás para frente, lendo nome de frutas que não eram comuns a nossa região, de ler sobre times de futebol, tipo: "Papai vai ao FlaFlu." Que para nós gaúchos acostumados ao GreNal ou ao BraPel, soava muito estranho, porque essas cartilhas usadas na época para nos alfabetizarmos eram direcionadas a região sudeste e não ao sul.
Mas as quais a gente questionava e nos explicávamos o que seria tal palavrinha desconhecida e pronto, estava resolvido o impasse. Essa era a magia de ler de interpretar, de poder retirar livros na biblioteca da escola, leva-los para casa, ler e imaginar dentro de nossas cabecinhas toda aquela estorinha e até fazer parte dela até findar o livro. Que começava por ser pequeno, fininho e ilustrado e a medida que nos aperfeiçoávamos na arte de ler, tornávamos mais exigentes com nossos gostos e nossa leitura tomava proporções maiores, onde nos arriscávamos a pegarmos livros mais grossos e menos ilustrados, colocando cada vez mais nossa imaginação para funcionar.
E aprender um idioma é o mesmo processo. Começamos nos alfabetizando outra vez, aprendendo sons, palavras diferentes, formadas por junções de letras que muitas vezes nos soam estranho, mas que com o fluir da aprendizagem, fará parte com certeza do nosso processo de aprendizagem.
E quando pegarmos um livro que não seja em português,nos sentiremos alfabetizados novamente.
E você, lembra de quando começou a ler e das sensações de liberdade conquistada?
Quem lê, sonha mais, se expressa melhor, escreve bem, interpreta com facilidade e cria seu próprio mundo no qual viaja sem mesmo sair do lugar onde está.
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