sábado, 3 de abril de 2010

Flores no final do caminho


Sábado de aleluia, feriadão, manhã de sol, transito de metrópoli, lojas abarrotadas de compradores, que como eu, deixam sempre alguma coisa para a última hora.
Estava eu já meio dia passado, na fila de um supermercado, aguardando para pagar minhas últimas comprinhas de páscoa, quando uma moça que estava a fente de mim na fila, comenta sobre o movimento e o atropelamento das pessoas querendo se verem livres o mais cedo possível de toda aquela confusão, e eis que surge o comentário sobre que tipo de leite comprar para sua filha pequena que não está querendo tomar o de hábito, e na troca de idéias ela desabafa comigo, uma pessoa que ela nunca vira e talvez não venha a ver mais em sua vida, o grande e trágico problema que está enfrentando.
Conta me ela que sua pequena tem uma doença renal congenita, que necessita de tratamento e acompanhamento médico enão bastando isto, sua filha mais velha de doze anos, nasceu também com uma sindrome, a qual não lembro o nome, pois nunca ouvira falar desta, é gravíssimo e que a três dias atrás a filha havia piorado, com falta de ar e cansaço. E com os exames, os médicos descobriram, muitos nódulos em seus pulmões, estes acabaram por calcificar-se, segundo ela e levarão-na à  morte no período de no máximo seis meses.
Bem, nesta hora e quinze minutos que ficamos conversando na fila, eu vi o desespero daquela mãe diante da impossibilidade de fazer qualquer coisa para reverter o quadro da filha. Ela quer doar um dos seus pulmões, mas a justiça , segundo ela, não permite a doação deste orgão por pessoa viva, porque o pulmão é  o responsável pela respiração, batimentos etc. Sinceramente não estou a par na íntgra do porquê, explicação completa e cientifica. Sei que esta mãe, entrou na justiça para tentar reverter o parecer  final desta, correndo o risco de não conseguir a aprovação e também de se conseguir, ter o problema da rejeição ou da própria doença afetar este pulmão novo e levá-la a morte. E ela,  a  mãe, também ficar com sérios riscos por estar com um pulmão apenas.
Triste dilema,  disse a ela para confiar em Deus que tudo irá se resolver e que certamente ela terá conforto e forças para passar por esta prova. Contei minha história de vida a ela, para  que tivesse certeza de que como eu, superaria também,  aos poucos e na hora certa, porquê cada um tem seu tempo,  e que nunca estamos sós. Senti que ficou mais animada em saber que não é só com ela que aconteceu esta passagem difícil e que tudo passa, isso eu afirmava para ela, só não poderia dizer quando seria.
Com isto, me senti util em ajudar alguém com minha história de vida e pela primeira vez me senti sem pressa de estar esperando por uma hora numa fila, saindo dalí com a sensação de dever cumprido.
Não sei seu nome, de sua filha, mas fiquei consternada com sua história e desejo de coração, que Deus lhe dê forças, conforto e saúde para passar por toda a sua caminhada dificil, pois com certeza no final do caminho, seja ele onde e quando for, terão flores a esperar por elas.

Um comentário:

Zergui disse...

Olá. Um episódio como o relatado nos consterna.

Pior é não se poder ajudar, por mais que queiramos.

O que pensar a respeito? É um carma com que essa mãe deve conviver?

Foi algum alimento ou medicação que provocou as enfermidades?

Onde está o atendimento eficaz da saúde pública para essas meninas?

Quantas pessoas, anônimas, sofrem as mais diversas agruras, sem ninguém para recorrer, desesperadas ao ponto de recorrerem a um estranho?

São perguntas sem respostas.

Penso que deveria haver mais solidariedade e engajamento coletivo para exigir o que nos cabe por direito.

Assim seríamos mais felizes.