quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Aonde a gente vai papai?


Ontem saimos do inglês, eu e as colegas,e fomos a 37 Feira do Livro. E por estar um dia horrivel, pela chuva torrencial de 40 milimetros, com trovões e ruas cheias, não estava com todas as suas bancas funcionando. Mas mesmo assim deu pra ver os lançamentos e fazer uma eleição dos livros que pretendo adquirir.
Comecei a escolher os livros e de repente me deparei com um titulo bem sugestivo, apesar de não conhecer o autor. Chama-se " Aonde a gente vai papai?" de Jean-Louis Fournier, que é escritor, humorista e diretor de televisão. Abri o livro e li a sinopse. Imediatamente vi que se tratava da relação pai e filhos deficientes, como ainda este assunto é muito presente na minha vida e acredito continuará sendo por indeterminado tempo, resolvi que seria o primeiro que adquiriria.
Cheguei bem ávida por lê-lo e o fiz.
O livro trata de uma maneira bem diferente o problema da deficiencia, é um livro que tem um toque de humor, até pelo fato de ele ser humorista e fazer piada com a propria tragédia, vista assim por ele.
Mas é um livro chocante, tem um toque de crueldade no humor dele, quando ele relata "que teve dois fins de mundos". E acho, que até é uma forma de fugir da realidade dura que ele enfrentou e que realmente pelo que estou lendo, bem desgastante e frustrante para ele enquanto pai e homem, e que não admitia ser visto com piedade, e nem a familia.
O livro aborda os confrontos dele com a realidade externa, o porquê de ele não falar sobre os filhos, das frustrações dele enquanto pai e das suas vantagens de ser pai de filhos deficientes.
Realmente eu me choquei com sua abordagem e quando comparava nossas experiencias de vida, conclui que nunca tive a sua visão nem postura parecida, quando lidei com a deficiencia de minha filha e também em relação ao amor incondicional que dedicavamos a ela.
Achei que ele foi por demais corajoso de expor seus sentimentos de revolta e insatisfação, principalmente quando ele escreve que... "Muitas vezes não os suportava. Com eles, era necessário ter uma paciência de santo, e não sou santo."
"Graças a eles, tive vantagens em relação aos pais de crianças normais. Não precisei me preocupar com seus estudos nem com suas orientações profissionais. ... soubemos logo em seguida o que seriam: nada."
Não sei se recomendaria-o, a pesar de ter sido o vencedor do Prêmio Femina com 500 mil exemplares vendidos na França. Pois é comovente, duro, impactuante e ao mesmo tempo põe para fora os sentimentos que talvez muitas pessoas o tenham sem ter a coragem de externar.
São maneiras diferentes de se lidar com realidades diferentes, não o condeno, acho que até aprendi um pouco mais lendo o livro e fiquei certa de que fui uma mae que amou incondicionalmente dentro de minhas limitações, e a meu marido, um pai extremoso, sem questionamentos infundados e nem revoltas. Mas isso não tira o mérito dele, o autor, como pai dedicado, apenas mostra que nem todos reagem por igual, que as pessoas tem subterfugios diferentes. Mas que também, não é por isso que se tornam piores ou melhores uns que os outros. Esta é a minha interpretação do livro que ainda estou terminando de ler.

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